segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pré-Modernismo


O que se convencionou chamar de pré-modernismo no Brasil não constitui uma escola literária. Pré-Modernismo é, na verdade, um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária, que caracteriza os primeiros vinte anos deste século. Nele é que se encontram as mais variadas tendências e estilos literários - desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, alguns preocupados com uma literatura política, e outros com propostas realmente inovadoras.
O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um movimento e por isso deve ser encarado como fase.

Revoltas e conflitos pré-modernistas.

Para os autores, o momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores estéticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautado por uma série de conflitos como o fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste, as revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro, revolta da Aramada, revolta de Canudo as greves operárias em São Paulo e a Guerra do Contestado (vide mapa); além disso, a política seguia marcadamente dirigida pela oligarquia rural, o nascimento da burguesia urbana, a industrialização, segregação dos negros pós-abolição, o surgimento do proletariado e, finalmente, a imigração européia.

domingo, 5 de abril de 2009

Cangaço

(1870)


O cangaço tomou força no começo do século XX e os grupos atuavam em todo o sertão, foi um acontecimento social que produziu uma cultura ímpar, com indumentária, música, versos, dança e um jeito de ser bem característicos. Luiz Gonzaga tomou emprestadas essas características e absorveu essa cultura para se lançar no cenário da música brasileira. Os cangaceiros eram homens valentes que começaram a agir por conta própria, através das armas, desafiando grandes fazendeiros e cometendo agressões. Geralmente, os cangaceiros saíam da lida com o gado. Eram vaqueiros habilidosos, que faziam as próprias roupas, caçavam e cozinhavam, tocavam o pé-de-bode (sanfona de oito baixos) em dias de festa, trabalhavam com couro, amansavam animais, desenvolvendo um estilo de vida miliciano e, apesar da vida criminosa, eram muito religiosos. A astúcia e a ousadia nos ataques às fazendas e cidades era outra característica desses guerreiros, que quase sempre saíam vitoriosos das investidas, mas às vezes levavam desvantagem, por isso tinham uma vida cigana, de estado em estado, de fronteira em fronteira. Vestiam-se com roupas de tecido grosso, ou até com gibão, calçavam alpercata, usavam chapéus de couro com abas largas e viradas para cima, gostavam de lenços no pescoço, de punhais compridos na cintura, cartucheiras atravessadas ao peito disputando espaço com as cangas, que eram as bolsas, cabaças e outros suportes, utilizados para transportar os objetos pessoais.

sábado, 4 de abril de 2009

Revolta da Armada

(1889 a 1894)


A partir de 15 de novembro de 1889, com a instauração da república, pelo General Deodoro da Fonseca, o Brasil presenciou uma sucessão de movimentos subversivos, alguns dos quais tiveram êxito outros não. Associado e esses movimentos, a quebra financeira causada pelo encilhamento provocou inquietação junto a população e facções da forças armadas.Liderado pelo Almirante Custódio de Melo, segmentos da marinha opuseram-se a permanência no governo, do Vice-presidente Floriano Peixoto, que desejava completar o mandato do presidente anterior. Esse movimento, que incluiu algumas das mais poderosas unidades da armada, como o Emcouraçado Aquidabãfoi chamada de Revolta da Armada.Os principais combates ocorreram entre as unidades revoltosas e os fortes costeiros, no Rio de Janeiro e no Desterro, atual Ilha de Florianópolis, (homenagem ao general que desmontou o movimento), que no mesmo período estava envolvida na Revolução Federalista.Apesar da pouca combatividade das duas partes, pois muitas das facções, tanto da marinha como do exército que controlava os fortes, não estivessem totalmente integrados nos movimentos, diversos combates terminaram por causar o afundamento, temporário ou definitivo, de vários navios, entre os quais, alguns dos mais importantes da Marinha do Brasil.

Navios da Esquadra Rebelde
Navios revoltosos da Marinha do Brasil:

Aquidabã (Encouraçado) - Araguari (Torpedeira) - Esperança (Cruzador auxiliar) - Iguatemi (Torpedeira) - Javari (Encouraçado Fluvial) - Madeira (Navio Transporte) - Marajó (Canhoneira) - Marcílio Dias (Torpedeira)Pereira da Cunha (Cruzador auxiliar) - República (Cruzador) - Sete de Setembro (Encouraçado)Tamandaré (Cruzador) - Trajano (Cruzador)
Durante o movimento, diversas embarcações civis foram confiscadas pelas forças revoltosas para suprir as necessidades dos navios e tripulantes da esquadra no transporte de combustível, munição e víveres.

Navios civis incorporados às forças rebeldes:

Júpiter - Marte - Mercúrio - Paraíba - Vênus - Uranus -
Pallas (Todos da Companhia Frigorífica Fluminense)Adolpho de Barros - Gil Blas (Navegación Lage) - Meteoro (Lloyde Brasileiro) - Luci - GuanabaraVulcano - Glória - Bitencourt (Todos da Wilson and Sons)
Navios da Esquadra Legalista(Conhecida como "A esquadra de papelão")
Alagoas (Couraçado) - Andrada (Cruzador-Auxiliar) - Bento Gonçalves (Torpedeira)Gustavo Sampaio (Caça-Torpedeira) - Itaipú (Transporte) - Itaoca (Cargueiro) - Niteróy (Cruzador-Auxiliar)Parnaíba (Cruzador) - Pedro Afonso (Torpedeira) - Pedro Ivo (Torpedeira) - Piratini (Canhoneira) Sabino Vieira (Torpedeira) - Santos (Transporte) - São Salvador (Transporte) - Silva Jardim (Torpedeira)Silvado (Torpedeira) - Solimões (Couraçado) - Tamboril (Torpedeira) - Tiradentes (Cruzador).





Revolta de Canudo

(1893)


A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.
O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da
Proclamação da República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.
Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.
Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país.
Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da
República, mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores condições de vida ( mais empregos, justiça social, liberdade, educação etc), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e melhores condições de vida.

Revolta da Vacina

( 1904 )


No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro era a capital do Brasil. Estava crescendo desordenadamente. Sem planejamento, as favelas e cortiços predominavam na paisagem. A rede de esgoto e coleta de lixo era muito precária, as vezes inexistente. Em decorrência disto, dezenas de doenças se proliferavam na população, como Tifo, Febre Amarela, Peste Bubônica, Varíola, entre outras enfermidades. Vendo a situação piorar cada dia mais, o então presidente Rodrigues Alves decide fazer uma reforma no centro do Rio, implementando projetos de saneamento básico e urbanização. Ele designa Oswaldo Cruz, biólogo e sanitarista, para ser chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública, que juntamente com o prefeito Pereira Passos, começam a reforma.


A reforma incluía a demolição das favelas e cortiços, expulsando seus moradores para as periferias, a criação das Brigadas Mata-Mosquitos, que eram grupos de funcionários do serviço sanitário e policiais que invadiam as casas, matando os insetos encontratos, etc. Essas medidas tomadas causaram revolta na população, e com a aprovação da Campanha da Vacinação Obrigatória, que obrigava as pessoas a serem vacinadas (os funcionários responsáveis pelo serviço tinham que vacinar as pessoas mesmo que elas não quisessem), a situação piorou. A população começou a fazer ataques à cidade, destruir bondes, prédios, trens, lojas, bases policiais, etc. Mais tarde, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se voltaram contra a lei da vacina. A revolta popular fez com que o governo suspendesse a lei, não sendo mais obrigatória. Para finalizar a rebelião, Alves coloca nas ruas o exército, polícia e marinha.Ao final da revolta, o governo recomeça a vacinação da população, tendo como resultado a erradicação da varíola na cidade.

Revolta da Chibata

( 1910 )


A Revolta da Chibata foi um importante movimento social ocorrido, no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de novembro de 1910.
Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros. O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta. O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado São Paulo. O clima ficou tenso e perigoso.O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do
Rio de Janeiro (então capital do Brasil).Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos. Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o presidente solicitou a expulsão de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo de dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta na Ilha das Cobras. Esta segunda revolta foi fortemente reprimida pelo governo, sendo que vários marinheiros foram presos em celas subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as condições de vida eram desumanas, alguns prisioneiros faleceram. Outros revoltosos presos foram enviados para a Amazônia, onde deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha. O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de Alienados. No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que participaram da revolta. Podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma manifestação de insatisfação ocorrida no início da República. Embora pretendessem implantar um sistema político-econômico moderno no país, os republicanos trataram os problemas sociais como “casos de polícia”. Não havia negociação ou busca de soluções com entendimento. O governo quase sempre usou a força das armas para colocar fim às revoltas, greves e outras manifestações populares.