sábado, 4 de abril de 2009

Guerra do Contestado

(1912)

A disputa travada entre as províncias do Paraná e Santa Catarina, pela área localizada no planalto meridional entre os rios do Peixe e Peperiguaçu, estendendo-se aos territórios de Curitibanos e Campos Novos era antiga, originada antes mesmo da criação da província do Paraná, em 1853, permanecendo em litígio até o período republicano.
Em 1855, o governo da província do Paraná desenvolvia tese de que a sua jurisdição se estendia por todo o planalto meridional. Daí em diante, uma luta incessante vai ter lugar no Parlamento do Império, onde os representantes de ambas as províncias propunham soluções, sem chegar a fórmulas conciliatórias.
Depois de vários acontecimentos que protelaram as decisões - como a abertura da "Estrada da Serra" e também a disputa entre Brasil e Argentina pelos "Campos de Palmas" ou "Misiones" - o Estado de Santa Catarina, em 1904, teve ganho de causa, embora o Paraná se recusasse a cumprir a sentença.
Bandeira da Monarquia Celetial
da
Guerra do Contestado


Houve novo recurso e, em 1909, nova decisão favorável a Santa Catarina, quando, mais uma vez, o Paraná contesta. Em 1910, o Supremo Tribunal dá ganho de causa a Santa Catarina.
A Guerra do Contestado e as operações militares
A região contestada era povoada por "posseiros" que, sem oportunidade de ascensão social ou econômica, como peões ou agregados das grandes fazendas, tomavam, como alternativa, a procura de paragens para tentar nova vida.
Ao lado desses elementos sem maior cultura - mas fundamentalmente religiosos, subordinados a um cristianismo ortodoxo - vão se congregar outros elementos como os operários da construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, ao longo do vale do rio do Peixe.
Junto a esta população marginalizada, destaca-se a atuação dos chamados "monges", dentre os quais o primeiro identificado chamava-se João Maria de Agostoni, de nacionalidade italiana, que transitou pelas regiões do Rio Negro e Lages, desaparecendo após a Proclamação da República.
Após 1893, consta o aparecimento de um segundo João Maria, entre os rios Iguaçu e Uruguai. Em 1987, surge outro monge, no município de Lages. Em 1912, em Campos Novos, surge o monge José Maria, ex-soldado do Exército, Miguel Lucena de Boaventura, que não aceitava os problemas sociais que atingiam a população sertaneja do planalto.
O agrupamento que começou a se formar em torno do monge, composto principalmente de caboclos saídos de Curitibanos, se instala nos Campos do Irani. Esta área, sob o controle do Paraná, teme os "invasores catarinenses" e mobiliza o seu Regimento de Segurança, pois esta invasão ocorre, justamente, naquele momento de litígio entre os dois Estados.
Em novembro de 1912, o acampamento de Irani é atacado pela força policial paranaense e trava-se sangrento combate, com a perda de muitos homens e de grande quantidade de material bélico do Paraná, o que fez desencadear novos confrontos, além do agravamento das relações entre Paraná e Santa Catarina.
Os caboclos vão formar, pela segunda vez, em dezembro de 1913, uma concentração em Taquaruçu, que se tornou a "Cidade Santa", com grande religiosidade e, na qual, os caboclos tratavam-se como "irmãos". Neste mesmo ano, tropas do Exército e da Força Policial de Santa Catarina atacam Taquaruçu, mas são expulsas, deixando, ali, grande parte do armamento.
Após a morte de outro líder, Praxedes Gomes Damasceno, antigo seguidor do monge José Maria, os caboclos se encontram enfraquecidos. No segundo ataque, Taquaruçu era um reduto com grande predomínio de mulheres e crianças, sendo a povoação arrasada.
Outros povoados, ainda, como Perdizes Grandes, seriam formados e diversos outros combates, principalmente sob a forma de guerrilhas, se travariam até que o conflito na região realmente terminasse.

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